JÁ OUVIU FALAR EM CO-REGULAÇÃO?
A co-regulação acontece quando a criança ainda não tem a capacidade de se autorregular de maneira eficaz, e precisa do auxílio de um adulto para aprender a fazer isso.
Como pais, temos um papel fundamental nesse processo, mas é preciso que tenhamos a consciência de que a co-regulação não significa simplesmente manter sempre a calma ou resolver os problemas da criança de forma automática.
Vivemos num mundo onde o apontar o dedo é uma constante.
- “ Não faças assim, faz assado”.
- “ Se fosse meu filho não fazia isso”.
Estes são alguns exemplos do que os pais estão constantemente a ouvir. E isso gera neles um medo terrível de falhar…E uma necessidade urgente de fazer tudo bem, tudo perfeito…
Tenho uma novidade para todos os pais: Não somos robôs!
Não conseguimos estar 100% calmos quando o nossos filho/a entra em desregulação…Não conseguimos manter o tom de voz calmo e sereno com o qual falamos quando eles estão bem…
Sim, isso seria o cenário ideal, mas a verdade é que tanto as crianças quanto os pais têm emoções, e nem sempre conseguimos estar 100% tranquilos, especialmente quando as emoções estão à flor da pele.
E isso não faz de nós maus pais!
Donald Winnicott, um renomado psicanalista, defendia um conceito com o qual me identifico bastante. Ele defendia o conceito da "mãe suficientemente boa", um conceito onde a mãe (ou qualquer cuidador) não precisa ser infalível para criar uma criança emocionalmente saudável
Ou seja, os pais não têm de ser perfeitamente calmos quando a criança está desregulada, os pais têm de ser, "suficientemente calmos"!
A parentalidade "suficientemente boa" é sobre aceitar que, como seres humanos, todos cometemos erros. É normal não estarmos sempre 100% calmos, mas o que realmente importa é a nossa capacidade de refletir sobre o que aconteceu e de nos ajustarmos nas próximas vezes.
Os pais não são perfeitos e no meio da sua “não perfeição” vão tendo, na relação com a criança, momentos bons, e momentos mais difíceis…E todos os momentos (bons e menos bons) fazem parte do processo de crescimento da criança e também do próprio crescimento como pais.
Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil