A PARENTALIDADE TEM DE SER REAL
Se há algo que aprendi ao longo dos anos a trabalhar com famílias, é que ser pai ou mãe não é como nos livros.
É lindo, sim. Mas também é desafiante.
E muitas vezes, no meio dos conselhos não pedidos, dos olhares julgadores no supermercado e das comparações inevitáveis, surge aquela dúvida:
"Estarei a falhar?"
A verdade é que há crianças mais desafiantes.
Crianças que sentem tudo com mais intensidade.
Crianças que choram mais, que reagem mais, que precisam de mais.
Crianças que não aceitam um "não" sem questionar, que têm explosões emocionais inesperadas, que parecem absorver o mundo à sua volta de forma mais profunda.
E isso não significa que esteja a fazer algo errado. Significa apenas que o seu filho precisa de mais do que aquilo que os conselhos genéricos sobre parentalidade costumam oferecer.
Vivemos numa era de comparações constantes. Comentários de familiares ou até desconhecidos como “Se fosse meu filho, já sabia como se portar!", fazem-nos duvidar de nós mesmos e, sem nos darmos conta, a insegurança e o sentir de que somos nós os culpados invade-nos…
Mas a parentalidade não se mede em regras fixas. Cada criança tem a sua voz, o seu ritmo e as suas necessidades.
O Seu Filho Não É Um Problema.
Nem a sua parentalidade está em causa.
Se tem um filho que parece precisar de um pouco mais – mais paciência, mais segurança, mais tempo – isso não significa que seja um mau pai ou uma má mãe. E também não significa que o seu filho seja mau…
Significa que ELE/A tem necessidades emocionais mais exigentes!
Significa apenas que, enquanto PAI/MÃE , tem um desafio maior!
E desafios maiores não significam fracasso, significam crescimento.
Não existem respostas perfeitas, mas existem caminhos que nos ajudam a entender melhor os nossos filhos e a aliviar um pouco o peso que carregamos nos ombros.
E talvez o primeiro passo seja este:
Aceitar que a parentalidade não tem de ser perfeita. Tem apenas de ser real.
Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil